sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

A morte contada aos Vivos

Na imagem tudo está morto. Os relógios parados nas horas, que se derretem ao frio da morte. Frio tão gelado que queima qualquer alma que percorra o caminho até à luz que se vê ao fundo. De lençois montados pelo tempo, a escuro, até nada: aquilo que surge no caminho eterno. Mas muito tempo têm para ponderar no que isso é. Talvez seja assim: Vivemos, e morremos para ponderar eternamente no que fizemos com o tempo contado.

7/12/2007

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Poema Hereditário

De estreia, me espalharei
De espalho, me levantarei
Ao levantar, me empurrarão
De empurrar, força farei.

11/12/2007

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Um poeta de jeito

Dificilmente se caracteriza um poeta. Há que ler poesia e algumas biografias para saber caracterizá-lo. Li algumas coisas sobre alguns poetas, por interesse e obrigação. Um poeta para mim tem que ter justa alma ao corpo. Tem que construir olhos em todas as cavidades do seu corpo. Tem de saber como encher o mundo de sabedoria com uma simples bomba de ar. Tanto me faz que seja gordo, magro, homem, mulher, feio ou lindo. Só me interessam as suas qualidades psicológicas. Tem que conseguir olhar o invisível. Saber como agir perante o nada e o tudo. Saber a receita da possibilatação do impossível. Há que haver nele grossas cordas vocais. Tem que saber conjugar a poesia com qualquer membro do corpo. Tem que conseguir transformar a fadiga em vontade de ser e poder. Deve ter as opiniões de todos à frente da vida. Deve pensar quatro vezes antes de pensar no que quer que seja. Tem que ser fiel ao lápis, à caneta e à folha. Para ser poeta, há que viver duas vezes !

durante o 7º ano

domingo, 2 de dezembro de 2007

Gosto deste momento

Não gosto de ser forçado a gostar. Gosto de ler e escrever. Gosto da conversa das ondas com as rochas. Odeio o barulho resultante de um metal a arranhar outro metal. Gosto de sentir o ar corrente nos pêlos da cara. Gosto das imagens a crescerem na minha cabeça quando como os livros com os olhos, do barulho da chuva a bater no chão, das imagens quentes, dos relâmpagos a desenharem-se e a serem apagados numa fracção de segundo, do cheiro natural de cada pessoa. Não gosto do cheiro a iogurte, da água nos olhos e da pedra na garganta. Não gosto de só poder escrever 200 palavras nos testes de português. Não gosto das cebolas que fazem chorar, porque sabem mal na língua e nos olhos. Gosto dela porque sim. Gosto de abrir a varanda, olhar para o horizonte e ver as praias do Brasil na minha cabeça. Gosto do atum, porque engulo e fico com fome para comer mais seis. Não gosto das pessoas que usam a música para fazer rir e não para fecundar. Não gosto de tentar e não conseguir, do buraco do ozono que está no céu mas também em toda a terra. Gosto de olhar para cima e sentir o azul no corpo. Odeio aqueles que sofrem da doença do futebol, da doença das novelas, das televendas e da publicidade. Gostei de vos ouvir ouvir o que escrevi.
durante o 8º ano

Mar Meu

Gosto do mar como gosto da morte. Gosto do seu azul, porque é transparente. Gosto dele, porque me tira a transparência. Gosto do seu sorriso, do seu cheiro, e da sua voz. Gosto das ondas que me dá. É o mar a minha fonte de oxigéneo. É a bebida que gost de beber, mas que me obrigam a cuspir. Gosto da sua pele suave. Gosto como me recebe. Gosto do seu calor. Atrai-me a sua forma. Atrai-me a sua música. É um dos meus membros. Gosto de quando me conta histórias. Gosto da disponibilidade que tem para mim. Gosto da amizade que me proporciona. Gosto da maneira como me faz pensar, e da maneira como pensa. Gosto da maneira como olha para mim. Gosto do seu brilho. Gosto da maneira como me pertence. Gosto dos seus segredos, dos seus horizontes. Atrai-me o seu mistério. Gosto da maneira como se apresenta ao mundo inteiro. Gosto dos seus gritos. Gosto da maneira como não tem fim. Indignam-me os seus habitantes. Gosto quando me leva para o seu ventre. Gosto da segurança que não tem. Gosto do mar, porque é meu.

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Preguiça

Identifico-me lentamente com a preguiça. Assombra-me em todo o lado. Até neste momento. Vejo as palavras a formarem-se vagarosamente. Demoram ainda mais tempo a aparecerem no cérebro. Tudo me dá trabalho. Coçar dá trabalho. Espirrar dá trabalho. Até comer. Mas não tenho paciência para a enfrentar. Deixo-a passear à sua vontade pelo meu corpo. Às vezes resolve passear noutro lado e deixa-me com vontade de fazer algo. Outras vezes habita-me tão intensamente que nem pensar me apetece. Acabo por chegar à conclusão que tem vida própria. Vai onde lhe apetece, quando lhe apetece. Mas não me apetece pensar sobre isso. Aliás, tenho que me preocupar com o tempo que falta para acabar este texto. Esse é outro, o tempo. O tempo que parece ser o maior inimigo da preguiça. Quando a sinto, ele passa tão devagar que parece estar parado. Mas ainda assim não dou por ele estar parado, nem pela preguiça estar em mim. Também não quero dar por isso. É só mais um trambolho.

terça-feira, 6 de novembro de 2007

No caminho para o Amanhã

Na busca da preciosa mentalidade
A Pesquisa da imaginação agronómica
Que o homem realiza para poder viver
Sem qualquer defeito apontado ao seu bem-estar.
O medo que empata a caça à melhor tecnologia
Criado pelas consequênicas dos actos passados.
Dar um grande impulso
Aos pequenos esforços deitados
À Terra, ao Mar e ao Ar
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Algures por Novembro de 2007