domingo, 2 de dezembro de 2007

Gosto deste momento

Não gosto de ser forçado a gostar. Gosto de ler e escrever. Gosto da conversa das ondas com as rochas. Odeio o barulho resultante de um metal a arranhar outro metal. Gosto de sentir o ar corrente nos pêlos da cara. Gosto das imagens a crescerem na minha cabeça quando como os livros com os olhos, do barulho da chuva a bater no chão, das imagens quentes, dos relâmpagos a desenharem-se e a serem apagados numa fracção de segundo, do cheiro natural de cada pessoa. Não gosto do cheiro a iogurte, da água nos olhos e da pedra na garganta. Não gosto de só poder escrever 200 palavras nos testes de português. Não gosto das cebolas que fazem chorar, porque sabem mal na língua e nos olhos. Gosto dela porque sim. Gosto de abrir a varanda, olhar para o horizonte e ver as praias do Brasil na minha cabeça. Gosto do atum, porque engulo e fico com fome para comer mais seis. Não gosto das pessoas que usam a música para fazer rir e não para fecundar. Não gosto de tentar e não conseguir, do buraco do ozono que está no céu mas também em toda a terra. Gosto de olhar para cima e sentir o azul no corpo. Odeio aqueles que sofrem da doença do futebol, da doença das novelas, das televendas e da publicidade. Gostei de vos ouvir ouvir o que escrevi.
durante o 8º ano

2 comentários:

Carlos Lopes disse...

Ah, este texto não podia cá faltar. Mais um momento de grande inspiração.
Foi bom lê-lo de novo.

Anónimo disse...

Não gosto de medir palavras, quando as letras se ajustam e formam sozinhas momentos
que em aguas calmas resultam.

Não gostam que me imponham limites
o meu é azul hoje amanhã multicolor
não gosto que transformem segredos
em quadros deslavados de cor.

Não gosto que me roubem a chuva
As noites passadas ao luar
Não gosto que me afastem
Das ondas salgadas do mar.

Mas gosto de cantar à chuva
de sorrir sem saber porquê
gosto de entrar aqui
e sentir mais do que se lê...

Filipe,
O sr do comentário anterior mandou-me aqui...se quiseres saber vais ter de lhe perguntar porquê.
Mas ainda bem que se lembrou de mim, ou de ti, não sei, mas sei que escreves como eu, com alma que transborda....com brilho no olhar...sem medo das palavras.

E ainda bem que vim. Se me deixares voltarei. E tens lugar no meu telhado...não tem tempo nem horas e nem sempre á abrigado, chove por lá muitas vezes, mas é sempre iluminado...tem vista para o mundo, onde os sonhos de cruzam, onde se tecem memórias, que as nossas memórias recusam....

Beijo Filipe.
http://just-a-lazy-cat.blogs.sapo.pt