terça-feira, 13 de novembro de 2007

Preguiça

Identifico-me lentamente com a preguiça. Assombra-me em todo o lado. Até neste momento. Vejo as palavras a formarem-se vagarosamente. Demoram ainda mais tempo a aparecerem no cérebro. Tudo me dá trabalho. Coçar dá trabalho. Espirrar dá trabalho. Até comer. Mas não tenho paciência para a enfrentar. Deixo-a passear à sua vontade pelo meu corpo. Às vezes resolve passear noutro lado e deixa-me com vontade de fazer algo. Outras vezes habita-me tão intensamente que nem pensar me apetece. Acabo por chegar à conclusão que tem vida própria. Vai onde lhe apetece, quando lhe apetece. Mas não me apetece pensar sobre isso. Aliás, tenho que me preocupar com o tempo que falta para acabar este texto. Esse é outro, o tempo. O tempo que parece ser o maior inimigo da preguiça. Quando a sinto, ele passa tão devagar que parece estar parado. Mas ainda assim não dou por ele estar parado, nem pela preguiça estar em mim. Também não quero dar por isso. É só mais um trambolho.

3 comentários:

Carlos Lopes disse...

Até que enfim, a obra-prima!!!

Muito bom, como já sabes. Apenas a última frase não tem a beleza das restantes...
Continua, rapaz.

gata disse...

Deixo que se entranhe lentamente, ainda que estranhe, já nada digo, estou dormente, sobe como calor, devagar toma conta de tudo, do sentir ao aolhar...invade cada segundo, aloja-se em cada recanto, queria mandá-la embora, mas não tenho energia para tanto....


Gostei!

Beijo de Gata.

Unknown disse...

Olá Filipe!
Tu não tens ar de quem é preguiçoso!
Em certos momentos da nossa vida, preguiçar não é defeito! Muito pelo contrário, ajuda-nos a repor energias para pensar, para estudar, para cansar... e para voltar a preguiçar...
Beijinho