sábado, 23 de fevereiro de 2008

O nosso mar

Rebentou uma onda
Em mim
Deixou-me em ti
A espuma parou-me
A maré puxou-me
Para ti.

Olhaste-me em azul
Azul de céu
Onde estou, no teu olhar.
Cheirei-te a mar
Que lembrei de outra maré
Algures guardada,
A lembrar.


*Para ti pintas, que voltaste, sei que sim.

sábado, 16 de fevereiro de 2008

poema

Foi de azul
que me escapou
azul de mar
que se foi
não vai voltar.

Calorou os meus dedos
com seu vulto.
Arrefeceu os meus olhos
com sua sombra.
Apertou minha garganta
com seus passos
além, distante.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Um amigo

Medos estranhos não faltam na vida. Ouvi inúmeras coisas: medo da morte, de si próprio, dos que estão à volta, de agir... Enfim. Mas chegou-me aos ouvidos o medo mais estranho de todos. Medo de sonhar. Um medo que apenas se deve recear tê-lo. Medo, que vindo de um amigo é assombroso. Acho que muitas das pessoas que sonham, gostam de o fazer. Conheci até quem planeasse o futuro, conforme o sonho de ontem. Mas nunca quem tivesse medo de sonhar. Pareceu-me que, quando o ouvi contar-me o seu medo, vi metade da sua alma cair no chão e ser pisada pelos seus próprios passos. Enjoei-me de tal maneira, que me vi mudar de cor nos seus olhos medrosos. Encostei-me à alma e sonhei que era eu que me amedrontava com o sonho. Quase me deixei cair. Continuei a ouvi-lo. Ele tinha medo que o seu sonho retrata-se algo de que não gostava, e que perdesse uma noite de bom sono, por imaginar algo desagradável. Apenas lhe disse: Sem sonho, não há vida. E se sonhas a morte, sonha-a vivendo.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Espanta Espíritos



O instrumento autónomo, paira agora no ar, quase adormecido, esperando que uma brisa nocturna acorde a sua melodia. Todos unidos, nunca perdendo a esperança de poderem cantar. Sonham com um mundo ventoso, em que as suas vozes o percorrem sem desafino.